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domingo, outubro 24, 2010

Cap. 13- no caminho da dança

Os ensaios de Lizzy, tanto os com Oliver, tanto os solo, progrediram no último mês que passou e Lizzy ficava cada vez mais nervosa com a aproximação dos testes para o evento.


Jane, depois de muita insistência de Lizzy e um empurrãozinho dado pela professora de pintura, finalmente concordara em participar e seu projeto para o cenário já estava praticamente pronto.

Agora faltava apenas uma semana para os testes e era segunda-feira. Lizzy já havia chegado na academia e esperava por Oliver na sala em que ensaiariam.

“Onde Oliver se meteu? Ele está atrasado!”

Lizzy pensava impaciente enquanto andava de um lado para o outro. Era incrível como ainda não havia um grande buraco no chão e Lizzy dentro dele.

Finalmente ouviu passos no assoalho e virou-se para ver a quem pertenciam. Era Oliver, que carregava no semblante uma expressão não muito boa.

- Oliver! O que aconteceu? Por que essa cara?

Lizzy entrou em pânico ao ver o semblante triste do amigo e quão triste era o seu olhar.

- Elizabeth, eu nem sei como vou te dizer isso. Eu sei quanto este teste é importante pra você. Mas eu não poderei participar do teste.

Lizzy apoiou-se na pilastra ao sentir suas pernas fraquejarem sob seu peso.

“Oliver não poderá dançar? Mas como eu farei o teste?”

Lizzy pensava ainda atordoada com a notícia.

- Mas o que aconteceu com você?



Lizzy perguntou ainda atordoada e a beira de um ataque de nervos, que ela controlava com muito custo.

- Lembra daquele problema com o rim do meu irmão? Agora a operação está inadiável. Ele terá que fazer cirurgia e eu.. vou doar um dos meus rins. A operação será amanhã, e eu não poderei dançar durante um mês.

Lizzy abraçou Oliver. Estava realmente triste, mas era por um bom motivo e além do mais ela poderia tentar uma vaga com a sua coreografia solo.

Lizzy acompanhou Oliver até a entrada e despediu-se. Voltou para dentro da sala e treinou sua coreografia solo como nunca antes havia treinado.


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Isabel chegou a academia e encontrou Lizzy ainda treinando na sala.



- Ei, cadê o Oliver?

Bel perguntou sorrindo para a amiga, que pareceu nem ter notado sua presença na mesma sala que ela. Então sentou no banco e esperou que a coreografia acabasse.

- Vai me dar atenção agora, ou vou ter que pegar senha?

Isabel perguntou ainda bem humorada. Lizzy tentou sorrir, mas apenas abraçou a amiga e murmurou:

- O Oliver não vai poder dançar.

E não deixou que Isabel falasse nada. Reiniciou a música e voltou a dançar.

- A aula já vai começar. Você não vem?

Bel perguntou enquanto saía da sala. Como não houve resposta, fechou a porta e foi para a aula.


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Durante todo o dia Lizzy parou apenas para almoçar e lanchar alguma coisa no final da tarde.

Jane e tantas outras pessoas tentaram fazer Lizzy parar e descansar um pouco, mas sem muito sucesso.

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A noite já havia caído sobre Londres, lançando seu manto negro que era quebrado pelas milhares de luzes que iluminavam a cidade e a luz da Lua, que brilhava cheia sobre todos e iluminava a sala em que Lizzy ainda ensaiava.



Era a milésima vez que ela repetia sua coreografia. Seu corpo já não aguentava mais e implorava por algum descanso. Lizzy escorou-se na parede e deixou-se escorregar até o chão e logo em seguida começando a chorar pela primeira vez naquele dia.

Lizzy não saberia dizer por quanto tempo ficou chorando sentada naquele chão até perceber que alguém se sentara ao seu lado e a abraçava.

Sem se importar quem era o dono de tão reconfortante abraço, Lizzy apoiou sua cabeça no peito do homem sentado ao seu lado e continuou chorando até achar que já não havia mais lágrimas em seus olhos.

- Desculpe-me, mas eu não...

Darcy não deixou que Lizzy continuasse a falar. Pôs a mão delicadamente em seus lábios e voltou a abraçá-la.

- Você treinou o dia inteiro. Precisa descansar. Vamos tirar essas sapatilhas do pé e assaltar a cozinha daqui da academia.

Lizzy concordou silenciosamente e levantou-se amparada por Darcy. Sentou-se no banco e tirou as sapatilhas dos pés. Seus pés doíam muito, e não era por pouco.

Haviam bolhas e feridas por quase todo o pé de Lizzy e só agora ela percebia o quanto elas doíam.

Estava se sentindo tão frágil, desprotegida... e o abraço daquele homem a fez sentir-se tão reconfortada, segura, como se tudo pudesse ficar bem pela simples presença dele no mesmo lugar que ela.

- Acho que precisamos de um banho Maria também.

Darcy falou sorrindo e apontando para os pés de Lizzy.

- Se eles ficarem assim, como você fará os teste?

- Boa pergunta.

Lizzy respondeu com um pequeno sorriso. Levantou-se e acompanhou Darcy até a cozinha, onde ele separou uma bacia e encheu com água quente. Lizzy mergulhou os pés na água e relaxou.

- Agora me diga, por que você está nesse estado de nervos?

Darcy perguntou e Lizzy sorriu fraca.

- Oliver, meu parceiro no teste em dupla, não vai poder dançar semana que vem. Agora só me resta dançar a minha coreografia solo e rezar para que me dêem uma vaga. Vou precisar de um pouco de sorte.



- Eu sinto muito... eu sei o quanto a dança é importante para você. Vi como você ensaiou durante todo esse mês, ensaiava quase que a noite inteira.

Darcy sorriu um pouco encabulado e Lizzy retribuiu o sorriso.

- Então eu não estava ficando louca. Havia realmente alguém me fitando todas as noites. E eu não acredito que você viu todos os ataques de loucura que tive durante os ensaios!

Lizzy falou rindo e Darcy acabou sendo contagiado pela risada dela e riu também. A risada de Darcy pareceu reanimar Lizzy, que se sentia pronta para outra.

- Sim, eu estive aqui durante todas as noites, assistindo todos os seus ataques e surtos de inspiração. Você fica linda inspirada.

Estavam perigosamente perto. Darcy enterrou sua mão nos cabelos soltos de Lizzy e a puxou para perto. Como Lizzy não ofereceu resistência, roçou os lábios nos dela, logo depois colou seus lábios nos dela e sentiu uma correnteza de sensações passarem do corpo dela para o seu. Precisava urgentemente sentir mais do gosto dela. Passou a língua entre os lábios de Lizzy que se abriram deliciosamente para que ele aprofundasse o beijo.


Era o toque mais prazeroso em toda a sua vida. Os lábios de Lizzy eram tão doces, suaves, totalmente ao contraria dos seus. ( N/A: duvido senhor Darcy! Desculpem, não resisti ao impulso.)



Beijaram-se por um tempo, até que o ronco da barriga de Lizzy soasse alto e claro pela cozinha. Lizzy riu e comentou:

- Acho que essa não foi a forma mais romântica de ser traga de volta para a terrível realidade.

Darcy riu e preparou um sanduíche para Lizzy, que ela comeu com duas mordidas.

- Venha, eu te levo para casa.

Lizzy tirou o pé da água em que seus pés estavam banhados e calçou seus chinelos. Darcy passou seu braço por seu ombro e caminharam até seu carro. Seguiram para o apartamento em silencio.

- Eu queria ter um meio de te ajudar...

Darcy falou enquanto Lizzy saía do carro.

- Você poderia tentar dançar comigo!

Lizzy falou divertida, e nem imaginava que Darcy fosse aceitar a proposta.

- Eu danço. Só você me ensinar!

Darcy falou sorrindo.

- É sério?

Lizzy perguntou entre incrédula e divertida.

- Sério. Amanhã a noite?

- Tudo bem. O ritmo é tango. Boa noite.

Lizzy sorriu, virou-se e entrou na portaria. Com certeza sonharia com um belo par de olhos azuis e sua boca....

quarta-feira, outubro 06, 2010

No Caminho da Dança, cap. XII

Na manhã seguinte Lizzy acordou cedo e animada para a aula. Chegou na academia, guardou suas coisas no armário e foi correndo encontrar com Isabel, que já a esperava na sala.

Ficaram conversando por alguns minutos, quando a professora Maila adentrou a sala, sendo seguida por uma nova aluna. Isabel logo a reconheceu como sendo Caroline Bingley.

Caroline estava usando um top branco que deixava toda a sua barriga seca, e para desgosto de Lizzy, definida a mostra.

- É lipoaspiração.

Isabel sussurrou para que só Lizzy ouvisse. Esta teve que abafar o riso com a mão e forçou-se a voltar com um semblante natural e receber a nova aluna.

Caroline também usava uma calça de malha. Ela andou até os bancos com a postura empinada e deixou sua bolsa afastada das demais. Sorriu desdenhosa para as novas companheiras e dirigiu-se para o centro.

Lizzy riu do modo afetado que ela se portava e começou a se alongar com a ajuda de Isabel. Maila logo ligou a música e passou uma seqüência de saltos como exercício.

Formaram uma pequena fila e aos poucos as meninas foram realizando os saltos. Lizzy observou, Caroline via tudo com uma cara de demonstrava todo o seu desgosto, e seus gestos confirmavam que o ultimo lugar que ela desejava estar era ali, mas que por algum bom motivo, ela não tinha escolha.

Chegou a sua vez e Lizzy realizou os saltos com perfeição e recebendo vários elogios da professora. Caroline a olhava de cima abaixo com todo o desprezo que pode reunir. Lizzy apenas sorriu cínica e lhe deu um tchau debochado ao final da aula.

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- Você viu como ela fez o último salto? Parecia uma gazela de perna quebrada...

Isabel ria ao relembrar os últimos saltos de Caroline. Lizzy forçava-se a não falar do modo de como as outras pessoas dançassem, mas concordava interiormente com a amiga. Repreendeu-a entre risos e seguiram para a aula seguinte, onde Caroline já estava com toda a sua pose e afetação.

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A semana passou rápido e logo era segunda-feira, seu primeiro dia de ensaio.
Lizzy acordou cedo e foi para a academia de ônibus, já que Jane ainda dormia e chegaria um pouco mais tarde.

Por coincidência, Oliver e Lizzy chegaram ao mesmo tempo e dirigiram-se para a sala vazia que ela havia reservado. Alongaram-se enquanto ouviam a música. Lizzy a adorou, e logo começou a mostrar a Oliver uns passos que havia imaginado e começaram assim a criar a coreografia.

As horas passaram e eles tiveram que interromper o ensaio. Combinaram de se encontrar novamente no dia seguinte e continuar com a dança.

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As horas pareciam se arrastar para Lizzy. Ela estava extremamente ansiosa para começar sua coreografia solo e não parava de lançar olhares de soslaio para o relógio.

Isabel tentava acalmá-la de todas as formas, mas não obtinha muito sucesso. Lizzy estava uma pilha, e quando ela ficava uma pilha, permanecia uma pilha.

Finalmente o sinal bateu e Lizzy esperou ansiosa que todas esvaziassem a sala. Sala vazia, colocou o cd no aparelho de som e deixou a música rolar enquanto tentava algumas seqüências.

Amanda
http://www.youtube.com/watch?v=reAIwuc0Qeg&feature=related
(Game of love- Michelle Blanch)

Começou contando os oitos da música e fazendo passos simples como piruetas* e battement.

Logo foi incrementando com movimentos de cabeça e braços enquanto adaptava e fazia a contagem.

O tempo passou rápido e Lizzy nem percebeu quando caiu a noite, não sendo incomodada por causa da luz do luar que entrava pelas grandes janelas de vidro da academia. Deixou assim, a lua sempre que era uma boa fonte de inspiração.

Lizzy terminou a noite satisfeita com seu trabalho. Conseguiu criar as seqüências iniciais e imaginar basicamente como seriam as próximas.

Lizzy tirou cuidadosamente o cd do aparelho e guardou na pequena caixinha. Mas parou na metade do caminho ao sentir que a fitavam.

“ Que idéia Lizzy, você está sozinha aqui... só há o porteiro na entrada... você está imaginando coisas...”
Ela poderia jurar que vira um par de olhos azuis a espiando por detrás de uma coluna da sala.

Balançou a cabeça para afastar algumas idéias estranhas que lhe vieram à cabeça e olhou de relance pela sala. Vazia como devia estar. Sorriu internamente e saiu da sala, encostando a porta e indo para a casa.

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Chegou em casa e todas já estavam dormindo. Entrou com passos leves na cozinha, serviu um copo de leite e foi para o quarto dormir e sonhar com um certo par de olhos azuis que insistiam em aparecer em seus sonhos desde aquela noite no baile...

“ E eu nem sei o telefone dele...e conversamos tanto...”

Foi a última coisa que Lizzy pensou antes de finalmente cair no sono e descansar sonhando com aqueles olhos azuis e seu dono.


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Pirouette - Rodopiar ou girar rapidamente. Uma volta completa do corpo sobre um pé em demi-pointe ou pointe, sendo conseguida a força impulsora pela combinação de um plié com movimento de cabeça (spotting).

No Caminho da Dança, cap. XI

Lizzy entregou a sua ficha de inscrições na sala dos professores quando acabou a aula e procurou por Oliver. Ficaram acertados os horários dos ensaios. Seriam pela manhã na sala que Lizzy reservara com a diretora.

E ela ensaiaria a noite, depois que as aulas acabassem. Assim pouco gente veria sua coreografia e não seria interrompida.
Agora só faltava voltar para casa e escolher qual das músicas usaria na sua coreografia solo. Combinara de dançar um tango com Oliver, e tinha certeza que faria o maior sucesso.

Lizzy encontrou Jane no final de sua aula de historia da arte e seguiram juntas para casa. Charlotte e Luciene, como de costume, ainda não haviam chegado em casa, o que deixou o almoço por conta de Jane.

Lizzy tomou logo um banho e dirigiu-se para o computador. Precisava baixar logo as músicas e escolher uma. Achou-as em poucos minutos e gravou tudo em um cd em apenas quinze minutos.

Dirigiu-se para sala e ligou o som. A primeira música era I’m Like a Bird, na Nelly Furtado. Deu play e concentrou-se na musica, tentando bolar mentalmente uma seqüência para a musica.

http://www.youtube.com/watch?v=k12ZybN8vfc

http://www.youtube.com/watch?v=SlhOBR95kl0

Com essa música Lizzy conseguiu montar uma pequena seqüência. Com certeza seria mais fácil do que usar a música anterior... Usaria mais street do que Jazz, que é o que predomina na outra música. Ainda faltava uma para ser ouvida e não tomaria uma decisão sem ouvir todas e avaliar.

http://www.youtube.com/watch?v=reAIwuc0Qeg&feature=related

Era essa. Por mais que a segunda música fosse mais fácil, essa música, a letra, passou uma energia especial para Lizzy. Não importa quanto a música fosse difícil, seja de contar o tempo ou de se criar os passos. Lizzy aprendera, desde que era pequena, que não importa a música, o que importa é o quanto de coração, o quanto de sentimento se passava com a dança.

E com essa música, Lizzy entregaria todas as suas emoções, tinha certeza.

Estava resolvida a música que usaria em sua apresentação solo. Tirou o cd do aparelho de som e guardou cuidadosamente em sua bolsa.

Agora, só faltava Oliver escolher a música que usariam no tango e poderiam começar a treinar... afinal, quanto antes, melhor.

No Caminho da Dança, cap. X

Segunda feira chegou, e Lizzy estava concentrada na série de exercícios que realizava. Márcia andava pela sala com um olhar crítico, enquanto avaliava os movimentos.

- Fundue*, levanta esses braços Lana! Agora arabesque* e plié*, relevé*!
Para terminar, attitude! Tira os braços da barra. Fica! Agora, podem relaxar.
Bom dia meninas.

Lizzy encaminhou-se para os bancos e sentou-se ao lado de Isabel. Começaram uma pequena conversa sobre trivialidades.

- Lizzy, almoça comigo naquele restaurante? Precisamos conversar.

Lizzy não gostou muito do tom malicioso da amiga, mas aceitou o convite. Jane teria uma aula extra e almoçaria mais tarde do que o normal. Era preferível aturar Isabel por uns minutos do que comer sozinha.

- Bom dia meninas, mão vou roubar a Isabel por uns minutinhos.

Thomas puxou Isabel para perto de si e deu um beijo rápido.

- Começa assim: alguns minutinhos, daqui a alguns dias não poderei mais ver a minha amiga, e só a verei novamente no dia do casamento. Ah, e eu quero ser a madrinha.

Lizzy não perdeu a oportunidade de gracejar com a amiga, que apenas lhe deu língua e caminhou com o novo namorado para fora da sala.

Terminou de guardar as sapatilhas na bolsa e seguiu para o vestiário. Isabel já estava lá, vestindo apenas uma saia por cima do collant e uma blusa larguinha.

Lizzy trocou de roupa rapidamente e seguiram juntas pelo restaurante.

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Isabel e Lizzy almoçaram em um pequeno restaurante perto da academia e voltaram para terminar as aulas. Agora teriam aula de Jazz com a professora Lyra, mas ao adentrarem a sala surpreenderam-se ao ver todos os professores reunidos.

Deixaram as bolsas em cima dos bancos e foram sentar-se junto com os outros alunos. Bel sentou-se perto de Thomas e Lizzy sentou ao seu lado. Oliver estava sentado próximo e sorriu. Este era o mesmo rapaz que fizera par com ela na aula em dupla que tiveram.

Maila pediu silencio e Lyra começou a falar.

- A academia irá apresentar um super evento aberto ao público e jurados do mais alto escalão.

Um pequeno burburinho começou e foi logo calado por um olhar reprovador de Márcia. Lyra continuou;

- Vou explicar como será o evento. A apresentação será uma peça que envolverá cada setor de estudos da academia. Os estudantes de literatura selecionados serão encarregados de escrever todo o roteiro da peça. Os estudantes de música de compor a trilha sonora. Os propriamente dito de teatro serão os atores, diretores e assistentes o pessoal de pintura e artes gerais serão responsável pelo cenário. E vocês, da dança, serão responsáveis pela criação das coreografias.

Todos pareciam contente com a notícia. Seria o máximo participar de um evento desses. Avaliadores de grupos de dança estariam presentes e uma vaga garantida em seus grupos seria perfeito.

- Mas, nem todos poderão participar. Faremos testes com os alunos e apenas os que passarem poderão fazer parte do evento. Então recomendo que vocês treinem e se esforcem.

Uma nova onda de burburinhos. Maila pediu silencia e tomou a palavra.

- Os testes serão realizados com quem se escrever com a professora Márcia até semana que vem. Serão realizados dois testes. Um será individual, com a música selecionada por nós. O outro será em dupla e vocês poderão escolher a música. Marcaremos os testes e informaremos a vocês. Agora, já pra aula.

Maila sorriu e saiu acompanhada de Antony e Márcia. Thomas e Bel estavam empolgados e com a peça e com certeza iriam participar. E , é claro, seriam uma dupla.

Lizzy queria muito participar. Seria maravilhoso ter mais esse evento em seu currículo e com certeza ajudaria na busca por uma vaga nas companhias de dança assim que se formasse. Mas ainda havia um problema. Ainda não arranjara uma dupla.

Foi com os pensamentos na peça que Lizzy passou na aula de Lyra.
Estava dirigindo-se para o seu armário quando sentiu alguém segurar em seu braço. Virou-se e se deparou com Oliver.

- Imagino que você vá fazer os testes?

Lizzy sorriu e afirmou.

- Então, você já tem uma dupla?

Isso! Era o que ela precisava. Oliver seria sua dupla. Ele era um bom aluno e dançava admiravelmente bem.

- Não. Estou procurando por uma.

Lizzy respondeu como se não soubesse o que ele queria.

- Então, aceita fazer a dupla comigo?

Lizzy fingiu que pensava um pouco e aceitou com um sorriso. Caminharam juntos decidindo quando seria o primeiro ensaio dos dois e decidiram começar na semana que vem.

Lizzy ficou encarregada de ir até a direção e alugar uma das salas antes que todas estivessem ocupadas.

Não achou problema em reservar as salas. Havia reservado algumas manhãs e alguns dias de noite. Tentaria convencer Oliver a fazer os ensaios de manhã e ensaiaria sua coreografia na parte da noite, e começaria assim que Lyra dissesse os nomes das musicas permitidas.

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Lizzy chegou em casa ainda pensando no que faria em sua coreografia. Lu e Charlotte ainda não haviam chegado e Jane, para não variar, estava trancada no ateliê, mas não demorou para que saísse de lá.

- Lizzy! Falaram sobre o evento que realizarão?

- Falaram sim Jane. E é óbvio que eu participarei.

Lizzy respondeu sorrindo e pegando um copo de água.

- Eu não sei se vou Lizzy. Teria que pintar um cenário como teste. É claro que seria um em miniatura, mas tomaria muito o meu tempo.

- Jane, todos os professores a adoram! Seria ótimo para o seu currículo ter esse evento. E você é a melhor pintora que conheço!

- Fala isso porque é minha irmã. Eu não pinto tão bem assim.

Jane falou um pouco corado. Lizzy revirou os olhos e falou enquanto andava até o quarto.

- E mais um capitulo de Jane e sua modéstia!

Lizzy sentiu uma almofada lhe acertar na cabeça e virou-se a tempo de ver Jane preparando-se para lhe jogar outra, que foi facilmente segurada por Lizzy.

- Quer guerra? Você terá guerra!

Lizzy falou enquanto jogava a bolsa dentro do quarto e voltava correndo para cima da irmã.

Depois de alguns minutos nessa guerrinha todas as almofadas estavam espalhadas pela casa. Jane e Lizzy ouviram o barulho da chave e pararam. Esperaram Charlotte e Luciene entrarem e voltaram a atacar, só que dessa vez nela.

- Ei, virou tradição nessa casa ser recebida por uma guerra de almofada?

Charlotte perguntou enquanto entrava na brincadeira das amigas.

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Lizzy acordou mais cedo mais terça-feira e fez com que Jane levantasse também. Seguiram para a academia, Jane com um mal-humor relacionado por ter que acordar mais cedo e Lizzy com uma cara ansiosa e contorcia os dedos como prova de seu nervosismo.

Lizzy subiu correndo a escadaria até chegar ao andar da dança. Ainda estava vazio. Procurou pela sala dos professores e encontrou a professora Lyra arrumando suas coisas.

- Bom dia srta Bennet. O que faz aqui tão cedo?

- Eu gostaria de me inscrever para a peça e saber as músicas que poderei usar na minha coreografia.

Lyra sorriu e caminhou até uma pasta que estava sob a mesa de centro. Abriu e retirou uma folha. Entregou a Lizzy que sorriu e agradeceu.

- Bem, eu não poderia estar entregando isto tão cedo, mas você é um aluna esforçada e acho que não terá problema. Entregue essa ficha preenchida para Márcia. As músicas estão em anexo. Espero ver um bom trabalho.

Lyra sorriu e retirou-se para o fundo da sala. Lizzy agradeceu e saiu da sala da professora. Suas primeiras aulas seriam de expressão corporal, então tratou de chegar lá antes que o professor.

Sentou-se em um dos bancos e começou a preencher a ficha que a professora lhe entregara.

Nome completo : Elizabeth Bennet
Idade : 20 anos
Nascimento: 14/09/1987
Sexo : Feminino
Matrícula : 14071993
Curso: Dança
Professora Responsável : Márcia Monteiro”


Lizzy terminou de preencher e guardou a folha cuidadosamente na bolsa. Ainda teria que escolher uma entre as músicas escolhidas. Pegou uma outra folha e avaliou as músicas.

•The Game of love – Santana e Michelle Branch
•1,2 step – Ciara
•I’m Like a bird – Nelly Furtado

“ É, pelo visto eles não querem facilitar a nossa vida. E também querem alunos bem versáteis. Que dancem do street ao ballet. Ah, então é isso. As coreografias únicas são para nos testas no sreet dance e jazz e a em dupla o ballet. Criativo.”

Antony chegou na sala e olhou para Lizzy com uma certa cara de desgosto. Lizzy apenas sorriu desafiadora. Teria que ouvir todas as músicas antes de escolher uma.


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Fondu, Fondue - Descida, derretido. Um termo utilizado para descrever a baixa do nível do corpo através da dobradura dos joelhos da perna de base. Saint-Léon escreveu "Fondu é em uma perna enquanto plié é em duas". Em alguns instantes o termo fondu também é utilizado para descrever afinalização de um passo quando a perna que está trabalhando vai ao chão em um movimento suave.

Arabesque - Arabesco. Uma das poses básicas do ballet, que tira o seu nome de uma forma de ornamento mourisco. No ballet, é uma posição do corpo, apoiado numa só perna que pode estar na vertical ou em demi plié, com a outra perna estendida para trás e em ângulo reto com ela, sendo que os braços estão estendidos em várias posições harmoniosas criando a linha mais longa possível da ponta dos dedos da mão à dos pés. Os ombros devem ser mantidos retos em frente à linha de direção. Os arabesques são geralmente empregados para concluir uma fase de passos, tanto nos movimentos lentos do adágio como nos movimentos vivos e alegres do allegro. Clique aqui para visualizar essa posição. http://www.dkimages.com/discover/previews/824/50017195.JPG

Plié - Uma dobra de joelhos ou joelho. Este exercício torna as juntas e os músculos mais flexíveis e maleáveis bem como tendões mais elásticos. Existe o plié, que é uma dobra não muito acentuada dos joelhos, e o grand plié, onde a dobra dos joelhos é bem acentuada, levantando os calcanhares quando já perto d

Plié - Uma dobra de joelhos ou joelho. Este exercício torna as juntas e os músculos mais flexíveis e maleáveis bem como tendões mais elásticos. Existe o plié, que é uma dobra não muito acentuada dos joelhos, e o grand plié, onde a dobra dos joelhos é bem acentuada, levantando os calcanhares quando já perto do chão na 1ª, 3ª e 5ª posição.

Releve - Elevado. Uma elevação do corpo em pontas ou meia pontas, ponta ou mei -ponta. Há duas maneiras de execução para o relevé. Na Escola Francesa, relevé é feito suavemente, uma contínua elevação enquanto Cecchetti e a Escola Russa o usavam como um passo ágil. Relevé deve ser feito em primeira, segunda, quarta e quinta posição, en attitude, en arabesque, devant, derriére, en tournant, passé en avant, passé en arriére e assim por diante.

Attitude - Uma determinada pose do ballet tirada por Carlo Blasis da estátua de Mercúrio por Jean Bologne. É uma posição numa perna só com a outra levantada para trás com o joelho dobrado num ângulo de noventa graus e bem virada para fora para que o joelho fique mais alto do que o pé. O pé de apoio pode ser à terre, sur la pointe ou demi-pointe. O braço do lado da perna levantada é mantido por cima da cabeça numa posição curva enquanto que o outro é estendido para o lado. O attitude também pode ser com a perna levantada para a frente. Veja aqui o attitude devant (à frente) e o attitude derrière (atrás).
http://www.knoxvilleballetschool.com/Attitude%20Croise.JPG
http://www.carminaballet.com/attitude%20front.jpg

domingo, outubro 03, 2010

No Caminho da Dança, cap. IX

Lizzy tateou no ar a procura de algum lugar onde pudesse apoiar-se.
Seus olhos deviam estar lhe pregando uma peça. Ele não poderia estar ali, poderia?

- Bel, quem é aquele? O último, dos olhos azuis?

- Aquele? É o senhor Darcy. Ele é que detém a maior parte dos lucros da academia. Foi ele quem deu a maior parte dos incentivos para a sua construção.

Lizzy começou a analisar aquele rosto. Ele estava taciturno, empinado e extremamente sexy... mas não parecia o mesmo homem que a pegou em flagrante escondida sob o banco.

Aquele homem sorria, o sorriso mais devastador que já vira. E a sua risada era tão sonora... mas o olhar continuava o mesmo. Profundo, infinito e brilhante.

Trajava um fino smoking, provavelmente de uma das lojas mais caras da cidade. O que não o desfavorecia. Com o corte perfeito e quase feito sob medida, acentuava os belos e definidos ombros largos e atléticos.

Seu ar altivo lhe dava uma áurea de divindade impenetrável. Seus olhos continuavam tão vividos e profundos quanto da ultima vez. O cabelo, um pouco rebelde, parecia esforçar-se para sair do lugar, o que lhe dava um ar jovial e uma incrível vontade de passar as mãos pelos sedosos fios de cabelo e tentar pô-los na linha.

Seus olhares se encontraram quando ele passou em sua frente, e Lizzy parecia capaz de jurar que deslumbrara um pequeno sorriso aparecer no canto daqueles perfeitos lábios.

Os convidados foram acomodados na mesa reservada para eles e a música recomeçou a tocar. Alguns pares se formaram para dançar a falsa suave ao som dos violinos e outros alguns invadiram as galerias, admirando as lindas obras de artes.

Isabel logo foi requisitada para dançar com Thomas, e levada da mesa. Charlotte estava em algum canto do salão, provavelmente flertando com algum rapaz suficientemente charmoso.

Lizzy resolveu ir procurar por Jane, e a encontrou novamente admirando o quadro que pintara.

- Minha querida irmã, este é o quadro tão misterioso que não podíamos ver?

Lizzy perguntou enquanto postava-se ao lado de Jane, que apenas sorriu e balançou a cabeça em sinal negativo.

- O que eu estou pintando ainda não está acabado.

Sorriu misteriosa e antes que Lizzy pudesse responder alguma coisa á sutil provocação de Jane, um senhor de estatura baixa as interrompeu com um sorriso.

- Senhoritas Bennet, gostaria muito de apresentar-lhes os donos da nossa tão amada academia.

Era o senhor William Lucas. Ele era um senhor gentil, de aparência amável e sempre adorara as meninas Bennet, desde a primeira vez que fizeram os testes para as bolsas.

Lizzy já estava formulando um modo de recusar educadamente, mas Jane concordou deixando-a sem opção. O senhor guiou-as pela galeria até alcançarem o grande salão, onde o pequeno grupo que adentrara o salão conversava com uma pouca animação.

“ Por que o chão não abre e simplesmente me engole? Ah, Jane vai me pagar...
Não, ela não fez por mal... será que ele vai lembrar da minha cara?”

Sr Lucas os interrompeu educadamente e iniciou as apresentações.

- Senhores, quero lhe apresentar duas ótimas alunas de nossa querida academia. Esta é Jane Bennet e sua irmã, Elizabeth Bennet.

Fizeram um pequeno aceno de cabeça em cumprimento. O homem dos cabelos de fogo sorria de modo bobo, e retribuiu o aceno com alegria. Sua irmã limitou-se a lhes lançar um sorriso falso e o outro senhor nada fez.

- Estes são Charles Bingley, sua irmã, Caroline Bingley e, não menos importante, William Darcy.

As irmãs o cumprimentaram, e Bingley, parecendo ansioso por iniciar uma conversação, puxou conversa, e ficaram assim durante alguns minutos.

Caroline nada falava, e parecia não dar a mínima atenção ao que falavam. Charles debatia animadamente e Darcy incrementava-o com ótimos comentário e observações, as quais Caroline sempre concordava.

Uma nova musica de valsa estava se iniciando, e Charles convidou muito timidamente Jane para dançar, que aceitou o convite. Os dois seguiram e prepararam-se para iniciar a dança, Charles segurando-a muito respeitosamente pela cintura e Jane com a mão apoiada em seu ombro.

Sr Lucas lançou alguns olhares inquisitivos para Lizzy e Darcy e sorrindo gentilmente, comentou:

- A senhorita Elizabeth é uma ótima aluna de dança. Tenho certeza que seria maravilhoso dançar com ela.

Lizzy corou com a referencia a sua graciosidade. Ou seria uma indireta para que Darcy a convidasse para dançar?

Depois de algum tempo que lhe pareceu uma eternidade, Darcy pareceu chegar á uma resolução e convidou, muito timidamente, Elizabeth para uma dança.

Caroline pareceu não acreditou no que ouvia, e foi o que todo salão pareceu achar assim que Lizzy aceitou a mão que Darcy lhe estendia e os dois seguiram para o meio do salão.

Ele segurou-a gentilmente pela cintura , puxando-a um pouco mais para perto. Lizzy estremeceu ao contado e agradeceu ao sentir o perfume de Darcy por estar levemente apoiada nele. Suas pernas fraquejaram e não a manteria de pé por muito tempo.

Os primeiros acordes soaram e ela deixou-se guiar por Darcy. Dançaram por poucos minutos que para eles pareceu uma eternidade. Valsavam graciosamente, deixando-se perder nos olhares cúmplices que trocavam. Os dois pareciam ter voltado àquela noite na academia.

Ele sorriu discretamente enquanto a puxava inconscientemente para mais perto de seu corpo e Lizzy pareceu esquecer onde estava e com quem estava.

Todo o salão os admirava e pareciam compartilhar o sentimento de que formavam um par perfeito um nos braços do outro.

A música cessou tão logo havia iniciado. Darcy continuou inconscientemente com a mão segura na cintura de Lizzy, que lhe sorria, parecendo desejar que não acabasse.

Mas esse momento de apreciação das figuras paradas com os corpos quase colados foi interrompido por uma Caroline extremamente enciumada.

- Hem-hem.

Ela pigarreou de uma forma que pareceu a Lizzy anormalmente irritante e foi forçada a separar-se de Darcy naquele momento. Caroline jogou-se em seus braços e praticamente o intimou a dançar a próxima valsa como ela.

Lizzy apenas encontrou o olhar de Darcy, sorriu e saiu andando lentamente em direção ao pequeno jardim, enquanto sentia o olhar de Darcy fixo em suas costas.

Darcy foi forçado a dançar a valsa com Caroline, e o salão pareceu perder todo o encanto que momentos atrás o deixava perfeito.

Tentava sorrir para seu indesejável par e ser o mais cortes possível.

************************

Lizzy saiu para o ar quente da noite e sentou-se em um banco perto de uma roseira. Inalou o doce perfume e sorriu.

Nunca havia se sentido tão segura nos braços de alguém quanto se sentiu nos braços daquele misterioso homem.

“Pelo menos descobri seu nome! William Darcy...”

- Eu sabia que te encontraria aqui!

- Isabel? Não devia estar dançando nos braços do Thomas?

- Não fuja de mim. Não deveria estar dançando nos braços de um certo homem de olhos azuis?

Lizzy corou e desviou o olhar da amiga.

- Você não perde a chance de me alfinetar. – Lizzy murmurou.

- Ah, deixa de ser boba. Todo o salão parou para olhar enquanto vocês dançavam. Formavam um casal tão bonito.

Isabel olhou discretamente para a porta e sorriu. Levantou-se alegando que Thomas a esperava e saiu tão sorrateira quanto chegou. Elizabeth mal teve tempo de lhe responder avistou Darcy entrando pelas grandes portas do jardim.

Sentiu suas faces tornarem-se rubras e tentou agir o mais naturalmente possível.

“ O que está acontecendo com você Elizabeth Bennet? ”

Darcy sentou-se ao seu lado e apresentou-se mais intimamente. Lizzy logo sentiu seu nervosismo dispersar-se conforme conversava e ficou mais á vontade.

Conversaram sobre pequenos assuntos e ficaram impressionados com os gostos em comuns que possuíam. Impressionaram-se mais ainda com quantas coisas que possuíam de diferentes.

Depois de trinta minutos concordaram que seria melhor voltarem para o salão ou sentiriam a falta dos dois, se é que já não haviam percebido suas prolongadas ausências.

Logo que voltaram a claridade do salão, Darcy foi chamado por um grupo de senhores. Pediu desculpas por ter que se afastar com apenas um olhar e seguiu acompanhando um senhor baixinho e atarracado.

Lizzy voltou para a mesa que ocupava e sentou-se, procurando Jane com o olhar e logo a encontrou dançando sorridente com o rapaz de cabelos de fogo.

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Lizzy não se encontrou com Darcy em nenhum outro momento no baile. Quando arriscava lançar um olhar a sua procura, via-o sempre acompanhado de um grupo pequeno de senhores ou senhoras e claro, Caroline.

Jane não se separou sequer um minuto de Charles e voltou para a mesa bem no final da festa. Charlotte apareceu alguns minutos depois, sorrindo de orelha a orelha e com os cabelos um pouco bagunçado.

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Voltaram para casa e Lizzy caminhou sonolenta até seu quarto. Despiu-se lentamente e tomou uma chuverada. Lavou o rosto tentando remover a maquiagem, vestiu a camisola que encontrou sobre a cama e adormeceu quase instantaneamente.

Sonhou com um belo par de olhos azuis e acordou na manhã seguinte com um sorriso que não disfarçava sua extrema felicidade.

sábado, outubro 02, 2010

No Caminho da Dança, cap. VIII

Lizzy estava sentada no banco traseiro do carro de Charlotte e mal percebeu quando um manobrista abriu a porta para que ela saísse. Era uma noite quente e o céu parecia especialmente estrelado para a ocasião. Apenas uma pequena brisa soprava fraca e constante.

Subiram a pequena escadaria de mármore e adentraram o grande saguão de entrada da Galeria. Estava perfeitamente decorado e ambientado. Era uma mistura de elegância e sofisticação perfeita.

Lizzy sorriu nervosa e entrou pela grande porta de madeira. Todos em volta pareceram parar e admirar tão esplendorosa visão. O ar pareceu sumir, todos os olhares se voltaram para Lizzy.

Os homens a desejaram e as mulheres sentiram inveja de tão bela mulher.

Lizzy estava usando uma genuína criação de Charlotte. O vestido era vinho possuía apenas uma fina alça retorcida no ombro direito. Descia colado ao corpo até a altura dos joelhos e depois ia alargando , apenas um pouco, para dar mobilidade. Um rasgo, nos dois lados do vestido, permitia que movimenta-se melhor.

O tecido parecia estar passando um por cima do outro, o que acentuava as curvas definidas de Lizzy. Os cabelos, negros e volumosos, estavam presos no alto da cabeça, com algumas mechas dando um ar mais jovial.
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(imaginem ele sem essa cauda de sereia. O vestido é de Vera Wang)

A maquiagem estava leve, mas marcante. Usava um batom de uma cor indefinida que a deixava mais misteriosa, e atraia olhares, todos procurando descobrir que cor seria aquela, que pintava tão delicados lábios. O lápis acentuava os lindos olhos negros de Lizzy.

Charlotte a guiou até uma mesa, onde apoiaram as bolsas e começaram a procurar Jane pelo primeiro pavilhão, onde ela indicara que seu quadro estaria.

Quando chegaram lá, Jane estava sendo cumprimentada por alguns senhores, que pareciam ser admiradores profundos de arte.

Era Jane, sorrindo encantadora. Estava radiante e explicou que aqueles senhores com quem conversava eram peritos em artes e que adoraram seu trabalho.

Admiraram mais um pouco o quadro e voltaram para o grande salão, onde uma pequena orquestra tocava uma valsa.

Isabel não demorou a chegar, deslumbrante em seu vestido preto e sofisticado. Thomas a acompanhava com o olhar de longe, e parecia orgulhoso de estar acompanhado por uma mulher tão linda quanto Isabel.

- Lizzy, você está demais! Onde que você arranjou esse vestido, tão lindo, provocante, sexy...

- Charlotte o desenhou para mim.

Charlotte sorriu e começou a contar o quanto tiveram que convencer Lizzy a usá-lo. Bel ria enquanto Charlotte narrava a primeira prova e Lizzy apenas sorria educadamente.
Enquanto isso, uns cinco jovens da academia já haviam convidado Jane para dançar algumas milhares de vezes, e ela recusou educadamente em todas.

- Minha querida Jane, se todos os rapazes deste lugar não terminar a noite apaixonados por sua estonteante beleza, eu estou por fora dos conceitos de beleza atuais!

Jane riu envergonhada com o comentário da irmã, e já ia lhe dar uma resposta quando o pequeno burburinho que reinava no lugar cessou e todos os olhares se dirigiram para a grande porta de carvalho, que se abria e revelava um trio peculiar.

Todos uniram as cabeças, procurando uma brecha por onde pudessem admirar a passagem dos donos da incrível academia.

Depois de alguns movimentos sutis e uns “com licença” Lizzy conseguiu se acomodar em um brecha, tendo Isabel em um lado e Jane do outro.

- Quem são os pavões?

Lizzy perguntou para Isabel quanto olhava para cada um deles. Primeiro seu olhar se dirigiu para uma mulher jovem e cabelos tão vermelhos quantos seus cabelos. Sorria de uma maneira afetada, que lhe dava uma vontade quase irreprimível de rir.

Ela usava um vestido de um vermelho extremamente forte. Era um tomara que caia, extremamente bonito em si só, mas que no liso corpo da mulher lhe dava um ar patético.

Ele era de cetim e uma pequena renda preta o enfeitava. Deixava a mostra uma grande parte das finas pernas da mulher.

http://www.elegantmart.com/images/products/Dresses/Red-Long-Elegant-Dress-6025s.jpg
( o vestido de Caroline... eu sei que ele é lindo, mas imaginem uma vara pau ambulante dentro disso e se achando sexy? Não dá né?)

No rosto, usava uma maquiagem extremamente forte, quase vulgar. Um batom vermelho sangue, lápis extremamente forte.

Um colar que parecia de diamantes repousava em seu colo. Grandes anéis e pulseiras davam o toque final.

- Lizzy, essa é Caroline Bingley, irmã de um dos donos, Charles Bingley. É aqueles que está de fraque e blusa azul por baixo...

- Bonito...

Jane deixou escapar enquanto observava o belo homem, que sorria simpático com todos.

- Eu ouvi isso, Jane Bennet.

Jane corou. Lizzy moveu-se tentando ver quem era o terceiro componente de tão espantoso trio.

“ Bem , se essa gentil senhora sair da frente, talvez eu veja!”

Foi quando a senhora saiu da frente e Lizzy encontrou dois encantadores olhos azuis, que pareciam ter lhe roubado toda a luz das estrelas e o ar.

No Caminho da Dança, cap. VII

Lizzy chegou em casa e não encontrou Jane.

“ Deve estar trancada naquele ateliê infernal!

Lizzy pensou enquanto tirava a bolsa e jogava em cima da cama. Charlotte e Luciene ainda não haviam chegado em casa. Deixou-se cair na cama e fechou os olhos. Teria que arranjar um vestido de baile. Pensou em voltar àquela loja do centro que vira quando fora fazer compras com Charlotte.

- É! É isso que vou fazer.




Falou para si enquanto entrava no banheiro e começava a despir-se para tomar um banho.

Saindo do banho, Lizzy vestiu uma roupa confortável e foi para sala. Deitou no sofá e começou a folhear uma revista que encontrara por perto.

Charlotte já devia estar chegando. Pediria ajuda á ela.

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Luciene e Charlotte chegaram e já era quase noite. Lizzy estava adormecida, com a revista que estava lendo caindo de suas mãos. Luciene apenas sorriu e seguiu para o seu quarto. Estava cansada e queria dormir um pouco.

Jane estava na cozinha, preparando alguma coisa para o jantar. Charlotte sentou-se na beira do sofá e tentou acordar a amiga.

- Bela adormecida... acorde, seu príncipe chegou!

Lizzy balbuciou algo que Charlotte não entendeu e abriu um dos olhos.

- Que horas são?

- Hora de jantar, sua dorminhoca!

Lizzy sentou-se enquanto esfregava os olhos e deu um longo bocejo.

- Char, preciso de sua ajuda. Tenho que arrumar um vestido de baile para sábado.

- Você vai? Normalmente fica em casa!

- Eu sei, só que perdi uma aposta e tenho que ir.

- Quem foi a anjo que te venceu em uma aposta? Quero conhecê-la!

- Já conhece. Isabel. Apostei que ela não teria coragem de falar com Thomas até o dia do baile, só que ela comprou coragem em tablete na farmácia e falou com ele!

Charlotte começou a rir. Lizzy fez uma careta e levantou do sofá.

- Calma, não precisa ficar tão estressada! Eu tenho o vestido perfeito para você!

Lizzy sentou-se novamente e sorriu.

- Eu sabia que poderia contar com você.

- Eu desenhei um vestido lindo, só que estava sem uma modelo... acho que ele ficaria perfeito em você!

Lizzy pensou um pouco. Os modelos de Charlotte eram lindos, realmente, mas não se via dentro de um. Eram muito ousados e extremamente sexy.

- Eu não sei Char...

- Você vai usá-lo sim!

Falou Jane enquanto saia de dentro da cozinha enquanto carregava uma grande travessa de empadão. Lizzy estava contrariada, mas pelo visto não havia outra escolha...

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Char ficou eufórica. Finalmente arranjara uma modelo adequada para seu vestido. Lizzy era perfeita! Possuía uma pele suave e clara, ombros perfeitamente proporcionais aos quadris. Uma cintura definida e pernas bonitas e fortes por causa do Ballet. Tudo era harmonioso.

Pôs-se logo a trabalhar. Já possuía os tecidos necessários, só faltava costurar tudo com harmonia e deixá-lo pronto. Convocara todos os seus amigos da nova filial para ajudá-la.

Lizzy estava surpresa. Nunca vira Charlotte tão animada com alguma coisa, desde a primeira vez que arranjara um par para o baile da escola....

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Os dias se passavam extremamente rápido na opinião de Lizzy. Fazia provas todos os dias para o vestido e ficava cada vez mais nervosa.

Tinha que admitir que estava lindo. O mais belo vestido que já vira. Mas não sentia-se segura para usá-lo.

Jane continuava passando o seu tempo livre dentro de seu ateliê improvisado, pintando o tal quadro a óleo para o baile. Estava extremamente feliz com o resultado, mas não deixava que ninguém visse.

- Jane nunca foi de fazer segredos. O que seria tão secreto a ponto de não deixar que vejamos o trabalho?

Luciene perguntou a Lizzy enquanto botavam a mesa para o jantar.

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Era sexta-feira. O baile seria na noite seguinte e Isabel já ligara para Lizzy umas quinze vezes, com a desculpa de lembrá-la de seu compromisso.

- Não se preocupe, as meninas do apartamento já fazem questão de me lembrar que devo ir. Estão mais eufóricas que você. Acho até que já lhe tornaram uma santa e fizeram um altar em sua homenagem.

Lizzy falou na décima quinta vez que Bel ligou para lembrar-lhe.

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Manhã de sábado. Jane, pela primeira vez em muito tempo, deixara Lizzy dormir até mais tarde.

Era quase meio-dia quando Lizzy acordou. Foi para sala, onde encontrou seu vestido em uma manequim. Charlotte dava os últimos retoques e Luciene a ajudava com as camadas de tecido.

Jane estava preparando um almoço leve, para que a noite se passasse bem.

- Vocês estão fazendo tanto alarde por causa de um baile idiota! Só vou porque perdi essa aposta com a Isabel. E mesmo assim não pretendo ficar por muito tempo! Vai ser tão chato! Velhos chatos e desinteressantes!

- Minha querida Lizzy, não é muito alarde. Pela primeira vez, desde o baile de formatura na escola, você vai para um baile. É realmente o acontecimento do ano. E quero te ver deslumbrante!

- Você sabe que tenho bons motivos para não gostar de bailes.

Lizzy murmurou enquanto tomava um copo d’água. O último baile fora um desastre. Lizzy acidentalmente esbarra em uma caloura um pouco estressada e acabou derramando seu ponche sobre ela. A menina fizera o maior escândalo, o que deixou Lizzy mortificada. Todas as meninas riram dela e nenhum menino nunca mais a convidou para sair.

- Isso foi há alguns anos atrás! Você tem que superar! Agora venha fazer a ultima prova de seu vestido!

- Deus, se vocês já fizeram isso por causa de um baile, imagine o que farão se um dia eu me casar?

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Já era noite. Lizzy, quase que a força, passou a tarde trancada no quarto junto com suas três companheiras.

Logo depois do almoço, Jane abordara Lizzy e a levara pro quarto. Lizzy não sabia explicar como, mas se via debaixo do chuveiro, com Jane lhe esfregando de cima a baixo.

Lavara seus cabelos milhões de vezes, até ficar perfumado. Fizera com que Lizzy se sentasse no banco do banheiro e penteou os cabelos até que ficassem desembaraçados.

Poucos minutos depois, Luciene entrou no quarto, munida de infinitos cremes e sais. Fizeram uma massagem relaxante em Lizzy, não tiveram que discutir muito sobre isso.

- É meu aniversário e esqueci por acaso? Tô me sentindo uma rainha.

Depois disso, Charlotte apareceu carregando um roupão macio e fez com que Lizzy o vestisse.

Jane fez suas unhas e passou uns cremes nas mãos, para que ficassem macias.

Depois de um breve lanche, Charlotte começou a demonstrar seus dotes de cabeleleira. Secou o cabelo de Lizzy enquanto modelava os pequenos cachos que formavam nas pontas. Passou um pouco de silicone para que ficasse brilhante e os prendeu no alto da cabeça, com um coque solto e cachos adornando o contorno do rosto.

Na hora da maquiagem, Jane adentrou o quarto, já pronta, e lindo como sempre.

Trajava um vestido de alça fina preto e longo. Era de seda pura, com um pequeno corte lateral, e umas tiras largas de cetim descendo até a altura dos quadris. Era sofisticado e elegante, e a deixava mais bonita do que nunca.

Os cabelos soltos desciam pelos ombros e a maquiagem era leve, favorecendo seus brilhantes olhos azuis.

- Tenho que ir. Prometi chegar mais cedo para ajudar a instalar o quadro na galeria. E não Lizzy, você só vai ver quando chegar lá!

Jane falou ao ver que a irmã estava prestes a pedir para vê-lo. Sorriu e despediu-se das amigas.

Luciene continuou então a produção de Lizzy. Fez a maquiagem e ajudou-a a vestir o vestido. Pronto. Lizzy estava perfeita. Ninguém se igualava em beleza naquele momento, nem mesmo Jane.

No Caminho da Dança, cap. VI

A manhã de sábado era especialmente preguiçosa para Lizzy. Não havia aulas e ela poderia ficar deitada na cama preguiçosamente até Jane resolver acordá-la com algum discurso de que deveria sair um pouco e tomar sol.
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O final de semana se passou calmo e divertido para as moradoras do pequeno apartamento. Às tardes, Lizzy ajudou Charlotte a desenhar alguns modelos de roupa para a loja. Divertiram-se escolhendo cores e estampas.

Jane passou todo o final de semana trancada em seu ateliê, fazendo sabe-se lá o que. Invariavelmente ela sai de dentro do pequeno quarto de empregada que usava toda suja de tinta, mas radiante. Não permitia que ninguém visse seu trabalho e trancava a porta todas as vezes que saia de lá.

Obvio que todo esse mistério em relação ao trabalho chamou a atenção de Lizzy, que tentou sondá-la de todas as maneiras, sem sucesso. Então, consolou-se com o fato de que mais cedo ou mais tarde acabaria descobrindo.


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http://www.youtube.com/watch?v=ENSaMIyoxts
( novamente, a música)

O músculo da perna de Lizzy já doía pelas intermináveis repetições de relevé*. Mas era necessário, e entendia isso. Seu músculo precisava estar suficientemente forte para agüentar todas as elevações na ponta que deveria fazer em suas coreografias.

Uma vez Márcia contara dos tempos que ela mesma era aluna. Obrigavam-na a usar pesos nas pernas e nos braços. Normalmente eram de dois quilos, ou se o professor estivesse de bom humor, um. Mas ela mesma havia falado que jamais faria isso com suas alunas. Seria crueldade demais.

- Para terminar, vou ser bem boazinha. Apenas um passé** na ponta!
E, fica!

Márcia passou inspecionando uma a uma. Sorriu com satisfação e mandou-as relaxar. Lizzy alongou-se um pouco, só para relaxar os músculos e procurou Isabel com os olhos. Novamente ela não viera á aulas. O que será que andava acontecendo com ela?


Caminhou até um dos bancos da sala e começou a tirar as sapatilhas enquanto conversava com Gabrielle, uma das outras alunas da academia. Novamente o tema baile foi abordado. Era unânime. Todas estavam ansiosas e especialmente curiosas. Boatos circulavam por toda a academia. Especulava-se que os donos eram extremamente ricos e que eram também solteiros.

E é claro, o ultimo boato era de grande interesse para grande parte das meninas do instituto. Imagine, namorar um homem tão rico e poderoso como o dono daquele formidável lugar?

Lizzy ria das especulações. Achava uma perda de tempo em correr atrás de um homem só por causa do tamanho de sua conta bancária. E se o tão famoso dono fosse uma múmia de tão velho?

Despediu-se das amigas e seguiu para seu armário. Ainda encontraria Jane para irem juntas para casa.

- Lizzy! Por que demorou?

Jane perguntou. Parecia extremamente feliz com alguma coisa e sorria. Um sorriso estilo “ eu tenho trinta e dois dentes”

- Nossa! Por que tanta felicidade?

- Você não sabe o que me aconteceu hoje! A professora de pinturas á óleo me chamou no final da aula e me pediu que pintasse um quadro especialmente para o baile de sábado. Não sabes como fiquei honrada com o pedido. É uma oportunidade muito boa, e céus! Existem tantos alunos melhores que eu! Não sei como ela pode me escolher!

- E iniciamos mais um capitulo da saga “Jane e sua modéstia!”

Lizzy fez graça. Jane limitou-se a rir e terminou de guardar as suas coisas em seu armário. Estava de muito bom humor para irritar-se com as implicâncias de Lizzy.

- O único ruim é que vou ter que parar temporariamente um trabalho que estou fazendo.

- E que você não quer me dizer qual é!

Lizzy respondeu emburrada, estampando no rosto uma tromba enorme. . Jane apenas sorriu misteriosa e partiram para casa.

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Quando chegou na pequena sala em que dava aula na comunidade carente, todas já aguardavam ansiosas e sorridente. Lizzy beijou todas e abriu a sala.

Elas entraram e logo começaram a se arrumar como verdadeiras bailarinas. Embora Lizzy não exigisse um coque nas aulas todas tinham o maior orgulho de prendê-los e exibi-los em sua modesta perfeição.

Colocavam a sapatilha de meia ponta com cuidado e esperavam pacientemente enquanto Lizzy colocava a musica no som e indicava o exercício que deveriam fazer. Começavam sempre na barra, seguiam para uma pequena aula de chão e para completar uns exercícios de centro.

A aula terminou e Lizzy ficou com as meninas até que os pais de cada uma vieram buscá-las. Apenas uma ficou além do horário, tristonha e chorosa em um canto.

Lizzy se aproximou-se e sentou-se ao seu lado, cruzando as pernas e imitando a postura da menina.

- O que houve Dandara? Por que está tão tristonha hoje?

A menina encontrou os olhos de Lizzy. E por um impulso, jogou-se nos braços de tão querida professora e a abraçou, deixando as lágrimas reprimidas rolarem por seu pequenino rosto.

Lizzy retribuiu o abraço e afagou-lhe o cabelo. Depois de alguns minutos a menina sentou-se de frente para Lizzy e sorriu.

- Desculpe tia Lizzy. Às vezes me deixo levar.

- Oh minha querida, não tem problema. Todo mundo precisa por para fora um dia. O que aconteceu?

- Meu pai ficou doente de novo, e não melhora.

- Não se preocupe. Ele vai ficar bom!

Lizzy sentia-se tão impotente diante daquela situação! Queria ajudar, queria fazer alguma coisa por ela. Não sabia o que, mas iria fazer alguma coisa para ajudar.

Poucos minutos depois uma senhora robusta veio buscar Dandara.

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Era manhã de terça-feira e estavam tendo aula de expressões. Nesse dia, Antony estava atacado. Achava tudo ruim, e mandavam refazer os exercícios milhares de vezes.

- Vocês têm que se expressar melhor! Repitam mais uma vez, e quero ver animação!

Antony religou o som e todos retomaram suas posições, murmurando alguns apelidos “carinhosos” para o professor.

Ainda não satisfeito com a última passagem da música, fez com que repetissem mais três vezes, o que os deixou potencialmente exaustos...

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- Isabel! Por que você faltou de novo ontem?

Isabel sorriu para Lizzy e formulou uma resposta pouco convincente. Porém, antes que Lizzy pudesse atacá-la com perguntas, Márcia adentrou a sala e ordenou que formassem casais.

Bel olhou de soslaio para Lizzy e corou. Lançou-lhe um olhar desafiador e aproximou-se de Thomas, que conversava com alguns amigos do outro lado da sala.

Lizzy não podia acreditar no que estava vendo. Bel estava realmente indo falar com Thomas por livre e espontânea vontade? E não estava corada ao extremo?

“ Não, ela não teria... ”

Sim. Bel estava lá, falando com Thomas na frente de todos os outros meninos da aula.

Lizzy ficou olhando boquiaberta para a cena, até que sentiu uma leve mão tocar-lhe o braço. Virou-se assustada e deparou-se com Oliver, um outro aluno, chamando-a para ser sua dupla.

Dera sorte. Além de ser bonito e ter um corpo escultural, Oliver era, na opinião de Lizzy, o melhor bailarino de sua turma. Ela sorriu, e aceitou o convite. As outras a olharam com desprezo.

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Fizeram um treinamento de elevações, o qual todos saíram muito bem. Ao fim da aula, Oliver despediu-se de Lizzy com um beijo na bochecha e partiu apressado para a sua próxima aula.

Bel se aproximou sorrindo da amiga, agora vermelha. Lizzy, não perdendo a oportunidade, começou a falar enquanto encaminhava-se para o vestiário.

- Belzita, o que foi aquilo? Surtou, foi? Comprou coragem na farmácia? Em qual foi?

Bel riu e começou a brincar distraidamente com o fecho de sua bolsa.

- Eu tomei coragem, foi só.

- Eu não pude acreditar! E além do mais, você o convidou para o baile!

- Na verdade, não foi bem isso...

- Não?

Os olhos de Bel brilharam e ela encarou Lizzy, que parou e pos as mãos no quadril, encarando-a ameaçadoramente.

- Eu fui apenas para pedir á ele para ser a minha dupla. Só que enquanto o seu grupo fazia o exercício ele pegou minha mão e me convidou para o baile... o que me lembra que você agora deverá ir também!

Lizzy entrou em pânico! Ainda existia um fio de esperança... ela bem que poderia ter se esquecido com tanta emoção em um só dia.

“ Bem, acho que terei que arranjar um vestido...”

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* Passé - Um movimento auxiliar no qual o pé da perna que está em movimento passa pelo joelho da perna de apoio, de uma posição para outra.
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* Relevé elevado. Uma elevação do corpo em pontas ou meia pontas, ponta ou mei -ponta. Há duas maneiras de execução para o relevé. Na Escola Francesa, relevé é feito suavemente, uma contínua elevação enquanto Cecchetti e a Escola Russa o usavam como um passo ágil. Relevé deve ser feito em primeira, segunda, quarta e quinta posição