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domingo, outubro 03, 2010

No Caminho da Dança, cap. IX

Lizzy tateou no ar a procura de algum lugar onde pudesse apoiar-se.
Seus olhos deviam estar lhe pregando uma peça. Ele não poderia estar ali, poderia?

- Bel, quem é aquele? O último, dos olhos azuis?

- Aquele? É o senhor Darcy. Ele é que detém a maior parte dos lucros da academia. Foi ele quem deu a maior parte dos incentivos para a sua construção.

Lizzy começou a analisar aquele rosto. Ele estava taciturno, empinado e extremamente sexy... mas não parecia o mesmo homem que a pegou em flagrante escondida sob o banco.

Aquele homem sorria, o sorriso mais devastador que já vira. E a sua risada era tão sonora... mas o olhar continuava o mesmo. Profundo, infinito e brilhante.

Trajava um fino smoking, provavelmente de uma das lojas mais caras da cidade. O que não o desfavorecia. Com o corte perfeito e quase feito sob medida, acentuava os belos e definidos ombros largos e atléticos.

Seu ar altivo lhe dava uma áurea de divindade impenetrável. Seus olhos continuavam tão vividos e profundos quanto da ultima vez. O cabelo, um pouco rebelde, parecia esforçar-se para sair do lugar, o que lhe dava um ar jovial e uma incrível vontade de passar as mãos pelos sedosos fios de cabelo e tentar pô-los na linha.

Seus olhares se encontraram quando ele passou em sua frente, e Lizzy parecia capaz de jurar que deslumbrara um pequeno sorriso aparecer no canto daqueles perfeitos lábios.

Os convidados foram acomodados na mesa reservada para eles e a música recomeçou a tocar. Alguns pares se formaram para dançar a falsa suave ao som dos violinos e outros alguns invadiram as galerias, admirando as lindas obras de artes.

Isabel logo foi requisitada para dançar com Thomas, e levada da mesa. Charlotte estava em algum canto do salão, provavelmente flertando com algum rapaz suficientemente charmoso.

Lizzy resolveu ir procurar por Jane, e a encontrou novamente admirando o quadro que pintara.

- Minha querida irmã, este é o quadro tão misterioso que não podíamos ver?

Lizzy perguntou enquanto postava-se ao lado de Jane, que apenas sorriu e balançou a cabeça em sinal negativo.

- O que eu estou pintando ainda não está acabado.

Sorriu misteriosa e antes que Lizzy pudesse responder alguma coisa á sutil provocação de Jane, um senhor de estatura baixa as interrompeu com um sorriso.

- Senhoritas Bennet, gostaria muito de apresentar-lhes os donos da nossa tão amada academia.

Era o senhor William Lucas. Ele era um senhor gentil, de aparência amável e sempre adorara as meninas Bennet, desde a primeira vez que fizeram os testes para as bolsas.

Lizzy já estava formulando um modo de recusar educadamente, mas Jane concordou deixando-a sem opção. O senhor guiou-as pela galeria até alcançarem o grande salão, onde o pequeno grupo que adentrara o salão conversava com uma pouca animação.

“ Por que o chão não abre e simplesmente me engole? Ah, Jane vai me pagar...
Não, ela não fez por mal... será que ele vai lembrar da minha cara?”

Sr Lucas os interrompeu educadamente e iniciou as apresentações.

- Senhores, quero lhe apresentar duas ótimas alunas de nossa querida academia. Esta é Jane Bennet e sua irmã, Elizabeth Bennet.

Fizeram um pequeno aceno de cabeça em cumprimento. O homem dos cabelos de fogo sorria de modo bobo, e retribuiu o aceno com alegria. Sua irmã limitou-se a lhes lançar um sorriso falso e o outro senhor nada fez.

- Estes são Charles Bingley, sua irmã, Caroline Bingley e, não menos importante, William Darcy.

As irmãs o cumprimentaram, e Bingley, parecendo ansioso por iniciar uma conversação, puxou conversa, e ficaram assim durante alguns minutos.

Caroline nada falava, e parecia não dar a mínima atenção ao que falavam. Charles debatia animadamente e Darcy incrementava-o com ótimos comentário e observações, as quais Caroline sempre concordava.

Uma nova musica de valsa estava se iniciando, e Charles convidou muito timidamente Jane para dançar, que aceitou o convite. Os dois seguiram e prepararam-se para iniciar a dança, Charles segurando-a muito respeitosamente pela cintura e Jane com a mão apoiada em seu ombro.

Sr Lucas lançou alguns olhares inquisitivos para Lizzy e Darcy e sorrindo gentilmente, comentou:

- A senhorita Elizabeth é uma ótima aluna de dança. Tenho certeza que seria maravilhoso dançar com ela.

Lizzy corou com a referencia a sua graciosidade. Ou seria uma indireta para que Darcy a convidasse para dançar?

Depois de algum tempo que lhe pareceu uma eternidade, Darcy pareceu chegar á uma resolução e convidou, muito timidamente, Elizabeth para uma dança.

Caroline pareceu não acreditou no que ouvia, e foi o que todo salão pareceu achar assim que Lizzy aceitou a mão que Darcy lhe estendia e os dois seguiram para o meio do salão.

Ele segurou-a gentilmente pela cintura , puxando-a um pouco mais para perto. Lizzy estremeceu ao contado e agradeceu ao sentir o perfume de Darcy por estar levemente apoiada nele. Suas pernas fraquejaram e não a manteria de pé por muito tempo.

Os primeiros acordes soaram e ela deixou-se guiar por Darcy. Dançaram por poucos minutos que para eles pareceu uma eternidade. Valsavam graciosamente, deixando-se perder nos olhares cúmplices que trocavam. Os dois pareciam ter voltado àquela noite na academia.

Ele sorriu discretamente enquanto a puxava inconscientemente para mais perto de seu corpo e Lizzy pareceu esquecer onde estava e com quem estava.

Todo o salão os admirava e pareciam compartilhar o sentimento de que formavam um par perfeito um nos braços do outro.

A música cessou tão logo havia iniciado. Darcy continuou inconscientemente com a mão segura na cintura de Lizzy, que lhe sorria, parecendo desejar que não acabasse.

Mas esse momento de apreciação das figuras paradas com os corpos quase colados foi interrompido por uma Caroline extremamente enciumada.

- Hem-hem.

Ela pigarreou de uma forma que pareceu a Lizzy anormalmente irritante e foi forçada a separar-se de Darcy naquele momento. Caroline jogou-se em seus braços e praticamente o intimou a dançar a próxima valsa como ela.

Lizzy apenas encontrou o olhar de Darcy, sorriu e saiu andando lentamente em direção ao pequeno jardim, enquanto sentia o olhar de Darcy fixo em suas costas.

Darcy foi forçado a dançar a valsa com Caroline, e o salão pareceu perder todo o encanto que momentos atrás o deixava perfeito.

Tentava sorrir para seu indesejável par e ser o mais cortes possível.

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Lizzy saiu para o ar quente da noite e sentou-se em um banco perto de uma roseira. Inalou o doce perfume e sorriu.

Nunca havia se sentido tão segura nos braços de alguém quanto se sentiu nos braços daquele misterioso homem.

“Pelo menos descobri seu nome! William Darcy...”

- Eu sabia que te encontraria aqui!

- Isabel? Não devia estar dançando nos braços do Thomas?

- Não fuja de mim. Não deveria estar dançando nos braços de um certo homem de olhos azuis?

Lizzy corou e desviou o olhar da amiga.

- Você não perde a chance de me alfinetar. – Lizzy murmurou.

- Ah, deixa de ser boba. Todo o salão parou para olhar enquanto vocês dançavam. Formavam um casal tão bonito.

Isabel olhou discretamente para a porta e sorriu. Levantou-se alegando que Thomas a esperava e saiu tão sorrateira quanto chegou. Elizabeth mal teve tempo de lhe responder avistou Darcy entrando pelas grandes portas do jardim.

Sentiu suas faces tornarem-se rubras e tentou agir o mais naturalmente possível.

“ O que está acontecendo com você Elizabeth Bennet? ”

Darcy sentou-se ao seu lado e apresentou-se mais intimamente. Lizzy logo sentiu seu nervosismo dispersar-se conforme conversava e ficou mais á vontade.

Conversaram sobre pequenos assuntos e ficaram impressionados com os gostos em comuns que possuíam. Impressionaram-se mais ainda com quantas coisas que possuíam de diferentes.

Depois de trinta minutos concordaram que seria melhor voltarem para o salão ou sentiriam a falta dos dois, se é que já não haviam percebido suas prolongadas ausências.

Logo que voltaram a claridade do salão, Darcy foi chamado por um grupo de senhores. Pediu desculpas por ter que se afastar com apenas um olhar e seguiu acompanhando um senhor baixinho e atarracado.

Lizzy voltou para a mesa que ocupava e sentou-se, procurando Jane com o olhar e logo a encontrou dançando sorridente com o rapaz de cabelos de fogo.

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Lizzy não se encontrou com Darcy em nenhum outro momento no baile. Quando arriscava lançar um olhar a sua procura, via-o sempre acompanhado de um grupo pequeno de senhores ou senhoras e claro, Caroline.

Jane não se separou sequer um minuto de Charles e voltou para a mesa bem no final da festa. Charlotte apareceu alguns minutos depois, sorrindo de orelha a orelha e com os cabelos um pouco bagunçado.

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Voltaram para casa e Lizzy caminhou sonolenta até seu quarto. Despiu-se lentamente e tomou uma chuverada. Lavou o rosto tentando remover a maquiagem, vestiu a camisola que encontrou sobre a cama e adormeceu quase instantaneamente.

Sonhou com um belo par de olhos azuis e acordou na manhã seguinte com um sorriso que não disfarçava sua extrema felicidade.