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domingo, janeiro 16, 2011

Capítulo XXII


Capítulo XXII

- Eu não agüento mais esperar! – Charlotte falou levantando-se de um salto da cadeira onde Richard a mantivera sentada pelos longos e suados...cinco minutos.

Desde que Lizzy fora trancada naquela espécie de camarin, Charlotte mostrava-se mais nervosa do que o normal, e mais parecia uma noiva no grande dia.

- Acalme-se, Charlotte, tenho certeza que Lizzy e o vestido estarão fantásticos. – Alicia tentou tranqüilizá-la de sua mesa improvisada enquanto olhava umas fotos que já haviam sido tiradas para o catálogo.

Sebastian apenas ria enquanto arrumava os equipamentos. Um silencia caiu sobre eles e Charlotte começou a sentir-se mais nervosa do que jamais imaginou que pudesse se sentir. A porta do quarto ao final do corredor se abriu revelando um Paulo cansado, mas com um sorriso vitorioso.

- Finalmente terminamos. – ele falou sendo seguido por Lílian. – Não foi fácil. Elizabeth tem umas curvas muito singulares. – explicou com um sorriso para Charlotte.

- O vestido ficou maravilhoso. Charlotte, meus parabéns! – Lílian falou dando passagem para Lizzy, que ainda mirava-se no espelho com um sorriso bobo, e ao ver que todas a olhavam, Lizzy corou e caminhou até a sala de fotografia.

- E ai? – ela perguntou estalando os dedos. – O que acharam. – ela perguntou olhando para baixo a admirando o vestido.

- Perfeita. – Alicia falou levantando-se e caminhando para perto de Lizzy.

- Venha. – Sebastian chamou já posto ao lado da câmera. – Vamos começar com umas fotos simples...

Sebastian começou a explicar tudo sobre a sessão que fariam e tentou tranqüilizar Lizzy quanto ao trabalho o máximo possível. Charlotte tranqüilizou-se aos poucos ao ver como a sessão evoluía e não pode retirar o sorriso enorme que estampava seu rosto.

Ao final do dia, logo ao terminar a sessão de fotos, ficaram conversando um pouco enquanto as fotos passavam para o computador. Como haviam ficado boas e já era tarde, Charlotte e Lizzy resolveram voltar para casa.

- Char, eu vou indo para o carro, tudo bem? – Lizzy perguntou depois de arrumar suas coisas e sentir uma forte dor de cabeça latejando dentro de sua cabeça, como se seu cérebro estivesse muito inchado.

- Tudo bem, Lizzy, eu já vou. – Char falou sorrindo e pegando suas coisas de cima da mesa .

- Vou acompanhá-la, Lizzy! – Alicia falou também pegando suas coisas e acenando para Sebastian.

Lizzy despediu-se de todos com um aceno e saiu em direção ao ar da noite. Charlotte virou-se para Sebastian na intenção de se despedir, mas levou um susto ao constatar que ele estava bem perto dela.

- Eu... acho... que eu vou para o carro. – Charlotte falou tentando desviar os olhos dos dele, mas não conseguiu.

- Fica mais um pouco. – ele pediu roçando seu nariz no dela, fazendo com que os pelos na nunca de Charlotte se arrepia-se.

- A Lizzy está me esperando. – Char murmurou tentando não cair na tentação e agarrar Sebastian.

- Ela está com Alicia. Não vai sentir a sua falta por muito tempo. – ele murmurou começando a depositar leves beijos no pescoço de Charlotte.

- Isso é tortura. – Charlotte murmurou arranhando levemente as costas de Sebastian e tremendo sob seu toque quente e sedutor.

Sebastian foi subindo os beijos até alcançar os lábios. Primeiramente foi um beijo calma e lento, cada um aproveitando o contato com o corpo do outro, e depois aprofundou-se, tomando um ritmo mais intenso

Charlotte foi separando-se lentamente, sentindo cada músculo, cadê célula de seu corpo reclamar com a quebra de contato. Ela abriu os olhos lentamente e sorriu.

- Eu tenho que ir agora. – e aproveitando o estado de semitorpor de Sebastian, pegou sua mesa e seguiu em direção a porta.

Janta comigo amanhã? – Sebastian perguntou encostado em sua mesa antes que Charlotte alcançasse a porta que estava entreaberta.

- Me pegue às oito. – ela respondeu antes de abrir a porta e ser engolida pela noite.

Charlotte caminhou até o carro com um enorme sorriso e quando entrou no lado do motorista encontrou Lizzy com a cabeça recostada no encosto de olhos cansados.

- Por que esse sorriso bobo não abandona seu rosto? – Lizzy perguntou abrindo os olhos e a encarando.

- Que sorriso? – Char tentou disfarçar enquanto girava a chave e ligava o carro.

- Esse que está estampado no seu rosto desde a entrada do estúdio. – Lizzy rebateu desencostando-se e ligando o rádio.

Uns acordes muito familiares começaram a tocar, e as duas trocaram olhares muito significativos.

http://www.youtube.com/watch?v=I9ERZTQQ0vM
( a música do rádio)

Terminaram de cantar e começaram a rir juntas enquanto Lizzy diminuía o som que começava a tocar uma nova música.

- Todas as mulheres do mundo deviam saber a letra dessa música. – Charlotte falou enquanto fazia a curva.

- Deviam mesmo... mas não pense que vai fugir, senhorita Lucas. Esse seu sorriso “ eu-tenho-trinte e dois –dentes-bem-branquinhos-e-brilahntes” tem que ter uma explicação.

- Ora Lizzy. Estou feliz pela sessão ter dado certo. E só. – falou sem olhar para a amiga e repentinamente ficando muito concentrada na direção.

- É claro que sim! – Lizzy falou irônica. – e o Darcy não beija bem... – completou encarando a amiga que corou ao ouvir o comentário de Lizzy.

- Deixe de ser debochada! Pelo seu ar de feliz ontem a noite me pareceu que ele beija muito bem! – Charlotte comentou maliciosa. – e que ele também faz outras coisas muitíssimo bem. – completou rindo.

- Mas isso não vem ao caso. – Lizzy replicou colocando os pés em cima do banco. – eu sei que bicho te mordeu, e sei que o nome dele começa com Sebastian e termina com Donavon.

- Eu não consigo esconder nada, não é? – Char perguntou derrotada e estacionando o carro quando chegaram ao prédio.

- Não, não pode. E agora você vai me contar tudo. – Lizzy praticamente ordenou enquanto chamava o elevador.

- Tudo bem! Eu estava pegando as minhas coisas... – e Charlotte começou a narraf todo o acontecido.

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Capítulo XXI


Capítulo XXI


Isabel conseguiu fugir da amiga enquanto se misturava a multidão que saía apressada, ansiando por um bom final de semana.

- O que é dela tá guardado!

Murmurou voltando a subir as escadas em direção ao andar da dança. Encontrou os corredores praticamente vazios, apenas uns professores conversavam enquanto saiam de suas salas carregando pastas que pareciam estar um pouco pesadas.

Lizzy entrou no vestiário feminino que se encontrava deserto. Apoiou sua bolsa em cima dos bancos e olhou-se no espelho. Estava um pouco corada devido ao tempo que passara sob o sol, e achou que a nova coloração lhe dava um ar mais saudável.

Sorriu lembrando-se de sua mãe e de quando passava uns dias em sua fazendo com os pais. A Sra Bennet sempre lhe dizia que o tempo maluco da cidade lhe deixava com um ar de doente e sempre insistia para que ela e Jane comecem mais quando a visitavam.

Lizzy soltou uma pequena risada e abriu a bolsa. Tirou algumas sapatilhas que estavam dentro de saquinhos de pano e apoiou ao seu lado. Já fazia um tempo que não utilizava aquela bolsa, e resolvera naquela manhã, não sabia o porquê, usar aquela bolsa.


- Eu não acredito que esse vestido estava aqui!

Disse em voz alta ao retirar um lindo vestido vermelho.

http://www.pasiontango.net/slike/tangofashion1.jpg
( vestindo vermelho)

Lizzy lembrou-se da primeira vez que o usara, que fora a primeira vez que dançava um tango. Estava muito nervosa no dia, mas acabou que a apresentação foi um sucesso.

O vestido era de um vermelho forte e um rasgo lateral subia até o meio das pernas. Nas costas, ele era cavado até o final das costas, com algumas tiras cortando no final e deixando metade das costas completamente nua. As alças eram delicadas e o tecido maleável, que balançava suavemente com o menor movimento.

- Acho que vou usar você hoje...

Lizzy falou fechando sua bolsa e procurando uma cabine vazia para trocar de roupa. Tirou o short jeans que usava e a regate e vestiu o vestido. Saiu da cabine e olhou-se no espelho com um sorriso. Sempre se achara muito bonita com ele.

- Não é que você ainda cabe, mesmo depois de quatro anos?

Comentou divertida e calçou as sapatilhas, indo em direção a sala para começar o novo ensaio com Darcy.

Quando entrou na sala, Darcy já a esperava encarando a rua por um dos imensos vitrais. A luz da Lua, se é que era possível, o deixava mais bonito ainda, e lhe dava uma aura de mistério completamente envolvente.

A luz de algumas estrelas que começavam a surgir no céu parecia refletir nos intensos olhos azuis. Uma mão descansava despreocupadamente sobre o parapeito enquanto a outra bagunçava displicentemente os cabelos.

- Boa noite, Lizzy!

Ele a cumprimentou sem se virar para olhá-la. Lizzy parou aonde estava e fitou a nuca de Darcy curiosa.

- Como sabia que eu estava chegando? – ela perguntou.

- Seu perfume de rosas. – ele respondeu finalmente se virando. – e eu a vi pelo vidro... – completou apontando para a janela.

- Eu deveria ter imaginado... – murmurou apoiando as coisas em um banco. – vamos começar? – perguntou se aproximando.

- Esse vestido... você nunca o usou. – Darcy deixou escapar enquanto olhava bobamente para Elizabeth.

Lizzy estava realmente deslumbrante com aquele vestido. A cor forte, vermelha, contrastava com a pele alva e o corte deixava suas curvas trabalhadas pela dança mais ressaltadas.

- Ele já é antigo... Achei-o sem querer. – explicou sorrindo.

- Deveria usá-lo mais vezes... – Darcy comentou se aproximando.

Lizzy apoiou levemente a mão sobre um dos ombros de Darcy e a outra encontrou sua mão. Darcy a puxou mais para perto, colando seu corpo ao dela.

A música começou e Lizzy sentiu Darcy pressionar sua cintura, começando a conduzi-la pela sala.

“ Isso só pode ser castigo...

Lizzy pensava enquanto sentia a mãe de Darcy deslizar sedutoramente e de uma forma muito insinuante enquanto a outra segurava-a firmemente nas costas, e como o vestido era aberto atrás, o contato de pele com pele era praticamente inevitável.

Para Darcy a situação também não era a das mais fáceis. Ele vinha se controlando noite após noite para não beijar Elizabeth como desejava fazer desde o baile da academia, e essa noite estava mais difícil do que poderia suportar. Era um verdadeiro atentado aos seus nervos. (N/a : e os das leitoras também, diga-se de passagem...)

Lizzy estava mais bonita do que se lembrara um dia tê-la visto. Não estava tão bem arrumada quanto no baile, é claro, mas o jeito frouxo com que prendia o coque fazendo alguns fios se soltaram, o vestido que contrastava com a pele clara, os lábios carmim que parecia cada vez mais sedutores e convidativos, a pele suave e o toque em seu corpo... Tudo colaborava para seu desejo aumentar cada vez mais.

Lizzy estava completamente hipnotizada e exasperava-se ao pensar que o motivo estava ali, bem na sua frente, sedutor como sempre, implorando para que ela beijasse aqueles lábios. Não, aquilo não estava certo! Ela não deveria se envolver com uma pessoa que estivesse trabalhando com ela! Não deveria. Mas se envolveu, e não havia mais nada que pudesse fazer para mudar isso.

E por que mudar? Ela não queria mudar. E não queria mais se importar com o que as pessoas falariam. Queria viver o que estava sentindo.

O que um simples tango reservava para duas pessoas completamente desavisadas sobre seus sentimentos...

Tango era isso: uma mistura de sentimentos, um misto de desejo proibido e paixão reprimida. Isso o fazia mais...não havia palavras para descrever.

Ambos estavam distraídos com seus pensamentos e guiavam-se ao som da música. Perfeita. A coreografia estava perfeita.

Os últimos acordes se dissiparam no ar e Darcy e Lizzy continuaram se encarando, ela perigosamente perto, ele perigosamente sedutor.

Darcy começou a andar, conduzindo Lizzy, mas dessa vez para uma dança sem música. Uma dança deles. Lizzy o acompanhou com movimentos rápidos.

Darcy sabia perfeitamente o que estava fazendo. Ele seguia os movimentos que seu corpo queria fazer, e se Lizzy o acompanhava era porque ela também o queria.

Giros, pernas, jogadas, “encontrões” e emoções guiaram essa dança livre. Darcy guiava, e Lizzy o acompanhava de uma maneira incomum, seus corpos pareciam se comunicar e tudo encaixava perfeitamente, como se fossem feitos em moldes criados para pertencerem um ao outro.

Uma última pose. A perna direita de Lizzy insinuantemente envolta nos quadris de Darcy, uma mão o arranhando nas costas levemente, a outra descansando sobre o peito.

Estavam próximos, a distancia era tão pequena que um curto movimento a anularia. Um simples passo anularia a distancia no que os separava.

Não podiam mais agüentar e resistir ao apelo de seus próprios corpos. Darcy encostou Lizzy de encontro à parede, a perna dela ainda em volta de sua cintura.

Ele aproximou-se mais, tentando acabar com a lei que diz que dois corpos não podiam ocupar o mesmo espaço. Moldou seu corpo perfeitamente ao dela. A mão direta deslizou pelo pescoço, traçando uma trilha de fogo até alcançar os cabelos e soltá-los, fazendo-os cair em cascata.

Lizzy enterrou suas duas mãos nos cabelos de Darcy e o puxou para perto, e ele, aproveitando a aproximação, tomou-lhe os lábios. Amor, paixão, carinho.

As línguas dançavam em perfeita sincronia, proporcionando um turbilhão de sentimentos incontroláveis, que começavam com um frio na espinha e tornavam-se um calor repentino que se apossava de seus corpos.

Fizeram o que seus corpos mandavam, mas agora já não era mais suficiente.

Queriam se provar, tocar, descobrir cada pedacinho do corpo um do outro, memorizar para nunca mais esquecer. As mãos de Darcy passeavam livremente pela cintura de Lizzy, que acariciava a nuca e as costas de Darcy.

Separam-se. Olharam-se nos olhos.

- Me leva para casa...- Lizzy pediu o encarando nos olhos e sorrindo... aquela seria uma longa noite....